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Chegou a vez do lockdown

CHEGOU A VEZ DO LOCKDOWN

A primeira cidade do mundo a adotar a medida extrema de fechamento total foi Wuhan, que juntamente com outras cidades da província chinesa de Hubei, concluíram pela isolamento total em 23 de janeiro deste ano.
Wuhan é apontada como a primeira a apresentar casos de contágio pelo novo coronavírus e identificada como o primeiro epicentro da doença no mundo. A capital de Hubei, com mais de 11 milhões de habitantes. Passou 76 dias fechada. Há 4 dias, todos os pacientes diagnosticados com a covid-19 tiveram alta.
A cidade, que tem mais de 3.500 anos de história, confirmou 50.333 casos de infecção do vírus e 3.869 mortes pela síndrome respiratória aguda grave em consequência da covid-19.
O termo lockdown, originalmente, era empregado para manter os presos em suas celas para que fosse restaurada a ordem no presídio após rebelião ou tumulto.
Segundo o site teclasap: “Não se trata exatamente de toque de recolher (curfew), nem de quarentena (quarantine) ou distanciamento social (social distancing), pois lockdown Ã© algo como um isolamento social obrigatório.”

Medida judicial
Ontem, 30, quinta-feira, surpreendendo a todos, o juiz titular da Vara de Interesses Difusos e Coletivos de São Luís, Douglas de Melo Martins, deferiu solicitação dos quatro promotores que compõem a Promotoria da Defesa da Saúde do Ministério Público do Maranhão.
O juiz declarou que tomou a decisão fundamentado em dados da Fiocruz, que afirma que o estado do Maranhão é a unidade da federação que apresenta o maior ritmo de crescimento do número de mortos. Além de dados da Secretaria Estadual que mostram que a ocupação de leitos por pacientes da covid-19 chegou ao seu limite.
Além da capital maranhense, as cidades de Paço do Lumiar, São José de Ribamar e Raposa, que formatam a ilha, têm mais de 1,6 milhão de habitantes, segundo dados do IBGE (2019). A medida entra em vigor a partir do próximo dia 5 e está prevista para durar 10 dias.

Como será?
Suspensão das atividades não essenciais, com exceção de serviços de alimentação, farmácias, portos e indústrias que trabalham em turnos de 24 horas. Proibição da entrada e saída de veículos por dez dias, com exceção para caminhões, ambulâncias, veículos transportando pessoas para atendimento de saúde e atividades de segurança.
Também prevê a suspensão da circulação de veículos particulares, sendo autorizados somente a saída para compra de alimentos ou medicamentos, para transporte de pessoas e atendimento de saúde, serviços de segurança ou considerados essenciais. Limitação da circulação de pessoas em espaços públicos.
Bancos e lotéricas abrem apenas para o pagamento do auxílio emergencial, salários e benefícios sem lotação máxima nesses ambientes, com organização de filas. O uso de máscara continua sendo obrigatório. (fonte: G1)

Quem será o próximo?
Enquanto especulava-se que houvesse decreto estadual e municipal impondo o lockdown, a decisão se deu por meio da Justiça. O que pode ocorrer em outros estados.
Já devia ter acontecido em Manaus (AM), por exemplo. Os dados e imagens dantescas da capital amazonense são provas de que a decisão poderia refrear a situação caótica, que repercute em todo o mundo.
Nas entrelinhas, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), dá a entender que cogita a possibilidade de decretar isolamento total. Nos últimos três dias, a capital paulista apresentou um crescimento exponencial, disparando no número de casos e de mortes. Entre suspeitos e confirmados, são mais de 3 mil óbitos. O número de infectados ultrapassou a marca de mais de 3 mil por dia.
No Ceará, o governador Camilo Santana (PT), por meio de suas redes sociais, também deixou claro que pode tomar medidas mais duras nos próximos dias se o crescimento de contágios e mortes continuar avançando fortemente como vem acontecendo nos últimos dias.
Wilson Witzel (PSC), governador do Rio de Janeiro, em pronunciamento hoje, não descartou a edição de novo decreto com medidas mais extremas a fim de garantir que os índices de isolamento e distanciamento sociais possam colaborar para refrear o crescimento de casos.

Política X Saúde
Em meio a subida vertiginosa da curva de disseminação da doença verticalizando, Nelson Teich, ministro da Saúde, aventou em coletiva na tarde de ontem, 30, um estudo para o relaxamento gradual do isolamento social. Diante dos números gritantes, recuou afirmando que não são recomendações. A infeliz colocação parece desconsiderar a realidade e vai de encontro as estatísticas. No mínimo, são inoportunas.
Em São Luís, o governador maranhense, Flávio Dino (PCdoB), afirmou que não vai recorrer da decisão judicial e considerou a edição de novo decreto endurecendo mais ainda as medidas de restrição, com o fechamento das principais avenidas da capital.
O presidente Jair Bolsonaro, aproveitou para culpar os governadores pelo crescimento das mortes. Segundo ele, o isolamento social de nada serviu e a curva não foi achatada. Aparentemente vivendo em uma realidade paralela, o chefe da nação segue promovendo sua indiferença aos óbitos.

Os números falam por si
Os dados mais recentes do Ministério da Saúde, de hoje, atualizados às 16h, oficializou 6.329 mortes e 91.589 casos confirmados. Mesmo subnotificados, são extremamente expressivos. Por muito menos, países como a China, Itália, Espanha e França determinaram restrições muito mais fortes.
Cerca da metade da população leva a sério o isolamento. A outra metade, ou está brincando com fogo ou perdeu o senso, colaborando para o crescimento dos contágios com a circulação indiscriminada e desnecessária.
Considerando dois índices básicos, os gestores vão fazer suas contas e encontrar o melhor caminho para as suas cidades e estados. O crescimento de casos de contágios e mortes em relação a capacidade de receber pacientes, especialmente os casos graves, que necessitam de terapia intensiva com respiradores artificiais.
Certo mesmo é que os casos seguem crescendo e não precisa ser nenhum adivinho para prever que as medidas restritivas mais agressivas, como o lockdown, vão acontecer nos próximos dias. Quem tem amor a sua vida e a dos seus, deve zelar pela higiene e ficar em casa. Enquanto não tiver vacina, não tem outra saída.

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