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PT de PE expulsa prefeito, vereadora e outras lideranças por não apoiarem pré-candidatura de Danilo Cabral (PSB) ao governo do estado

 

O Diretório Estadual do PT em Pernambuco formalizou a expulsão de 11 filiados por infidelidade partidária, por não apoiarem a pré-candidatura de Danilo Cabral (PSB) ao governo do estado.

A maioria dos expulsos faz parte de um movimento de apoio à pré-candidata Marília Arraes (Solidariedade), que deixou o Partido dos Trabalhadores em março para concorrer ao governo.

A decisão foi formalizada na terça-feira (5), um dia após uma reunião do Diretório Estadual, da qual participaram os agora ex-filiados. Os dirigentes decidiram pela expulsão e os militantes foram notificados.

A informação foi confirmada, nesta quarta (6), pelo presidente estadual do partido, deputado estadual Doriel Barros (PT). Ao g1, ele se limitou a informar que a decisão foi tomada pela maioria da Executiva e que se trata de "um assunto superado".

Em junho, o PSB expulsou seis filiados por não apoiarem a candidatura do correligionário Danilo Cabral. Se for eleito, Cabral terá o 5º mandato consecutivo do partido à frente do Executivo estadual, período que já dura 16 anos, contando as gestões de Eduardo Campos (PSB) e Paulo Câmara (PSB).

Entre os expulsos estão uma vereadora, presidentes de diretórios municipais, dirigente nacional da Juventude PT e outras lideranças. Dos 11 filiados expulsos, ao menos nove apoiam a candidatura de Marília Arraes, num movimento intitulado "oPTei Marília".

Outro expulso foi o prefeito de Orocó, no Sertão, George Gueber Cavalcante Nery. Ele decidiu apoiar a candidatura de Miguel Coelho (União Brasil), ex-prefeito de Petrolina, também no Sertão.

O PT não divulgou oficialmente a lista de filiados expulsos. O g1 conseguiu confirmar dez nomes. São eles:

Dyanne Andressa de Lima Barros (dirigente do setorial de Ciência e Tecnologia do partido);
Fany Lilian Marcos Bernal (vereadora de Garanhuns e presidente do diretório municipal);
Francisco Gomes da Silva (presidente do PT em Igarassu);
George Gueber Cavalcante Nery (prefeito de Orocó);
Gessé da Silva Rodrigues (secretário estadual LGBTQIA+ da Juventude PT em Pernambuco);
José Matheus Gomes de Araújo (secretário da Juventude PT no Recife);
José Ronaldo de Lima;
Matheus Henrique de Santana Amorim (presidente do PT em Paudalho);
Walliphy Heitor Martins de Jesus (dirigente nacional da Juventude PT);
Ygor Lima.


No comunicado de expulsão, ao qual o g1 teve acesso, o Diretório Estadual do PT disse que os filiados tiveram espaço ao contraditório e ampla defesa, e que cometeram infidelidade partidária ao descumprir "veementemente a indicação de apoio à pré-candidatura da Frente Popular de Pernambuco", chefiada pelo PSB.

O documento também afirma que, tendo em vista a decisão, o cancelamento da filiação partidária é imediato e tem efeitos na Justiça Eleitoral.

Outro lado
Procurado pelo g1, o dirigente nacional da Juventude PT Walliphy Martins disse que decidiu não apoiar Danilo Cabral por uma questão de coerência.

Isso porque o candidato do PSB, em 2016, chegou a licenciar-se do cargo de secretário estadual de Planejamento e Gestão para reassumir o mandato como deputado federal, numa mobilização nacional do PSB para votar a favor do impeachment de Dilma Rousseff (PT).

"Conheci Danilo e Marília em 2016, quando ela estava lutando contra o impeachment e Danilo num telão, no Marco Zero do Recife, votando a favor do impeachment. Desde 2016, passei por vários espaços de direção no PT e não tem como mudar de lado agora, pela coerência da Juventude PT. Foi ela quem me deu os espaços que ocupei e ela me cobra coerência", afirmou Walliphy Martins.

A dirigente do setorial de Ciência e Tecnologia do partido, Dyanne Barros, disse que pretende, junto com outros dos filiados expulsos, recorrer da decisão à Direção Nacional do PT.

Ela contou que é filiada ao partido há 12 anos, que considera o processo uma forma de "perseguição política" e que acompanhou diversos momentos em que o PT e PSB foram antagonistas.

"Já existia uma divergência interna com as figuras que decidiram pela expulsão. Se aproveitaram do momento para dizer que representam o PT de alguma forma. É a mesma direção que não vai às ruas quando precisa, apenas se posiciona com notas. Que não tem um pacto geracional, e reserva apenas uma pequena vaga para a juventude nas direções", afirmou.

O secretário estadual LGBTQIA+ da Juventude PT em Pernambuco, Gessé Rodrigues, também disse que vai recorrer. Afirmou que a direção partidária "sacrifica seus militantes para agradar aos seus aliados" e que isso mostra "a subserviência da direção estadual do PT ao PSB".

O presidente do PT em Paudalho, Matheus Amorim, citou, assim como outros filiados, o apoio do PSB e de Danilo Cabral ao impeachment de Dilma Rousseff, como motivo para não apoiar a candidatura.

"É importante ressaltar também o descaso do PSB com o estado de Pernambuco, seja no sucateamento da educação, da saúde pública, da segurança pública, do atraso no pagamento dos professores do Recife, na alta do desemprego, da inexistência de planos que combatam na prática a violência contra pessoas LGBTQIAP+", declarou.

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