F

Notícias de Última Hora

Reincidente: médico negacionista de Petrolina, que divulgava fórmula contra a covid-19, agora ataca as vacinas; ele chegou a ser acusado pelo MPPE por infração de medida sanitária e charlatanismo

 

Reincidente: médico negacionista de Petrolina, que divulgava fórmula contra a covid-19, agora ataca as vacinas; ele chegou a ser acusado pelo MPPE por infração de medida sanitária e charlatanismo

O médico Jânio Ângelo Modesto, clínico geral, formado pela Universidade Federal de Pernambuco, e sócio proprietário de uma clínica de imagens, em Petrolina (PE), que em maio de 2020 ocupou a mídia da região do São Francisco anunciando uma “fórmula” para tratar pacientes com o covid-19, volta a aparecer e desta vez, usando pacientes para desqualificar as vacinas, atribuindo diversos efeitos colaterais aos imunizantes.

O PNB recebeu alguns vídeos em que o médico aparece conversando com pacientes que relatam supostos sintomas pós-vacina. Nas imagens, que foram gravadas no último dia 14, fica nítido que o médico induz as pessoas a relatarem sintomas diversos após tomarem a vacina contra a covid-19.

Em uma das gravações, ele chega a mostrar uma mulher, de Petrolina, em uma cadeira de rodas, atribuindo a situação à vacina. O médico inicia o vídeo se apresentando e pede a mulher que conte sua história, ao que ela responde.

“Depois que eu tomei a vacina eu comecei a sentir as pernas querendo endurecer, aparecendo feridas, manchas (…)”

O Dr. Jânio então, interrompe e sugere que as pernas da paciente travaram. O médico pergunta se ela, antes de tomar a vacina, “era uma pessoa normal”. A mulher responde que “era”. O Dr. Jânio então conclui: “E hoje, ela tá assim numa cadeira de rodas e por conta da reação de uma vacina”. Ele encerra o vídeo dizendo: “Bora resolver, vamos resolver facinho”.

Na sequência de vídeos gravados pelo médico dos pacientes, adultos e idosos, relatam diferentes sintomas, que vão desde tontura, quedas, dormência, dor no peito, dor no corpo, falta de ar, nervosismo, tremor, entre outros.

Com a pergunta “Foi depois de que?”, o médico induz os pacientes a atribuírem os sintomas à vacinação, e encerra as gravações com a garantia de “vamos resolver”.

Para não reforçar a desinformação do médico, o PNB decidiu não reproduzir os quatro vídeos recebidos. No entanto, para comprovar a gravidade da ação negacionista do Dr. Jânio, resolvemos publicar a gravação feita com a mulher (que estamos preservando a imagem) que aparece em uma cadeira de rodas.

Encaminhamento

Em defesa da saúde pública, estamos encaminhando a denúncia para o Ministério Público de Pernambuco e para os Conselhos Estadual e Federal de Medicina.

Confira vídeo:

“O Dr. Jânio”

Em maio de 2020, início da pandemia, Jânio Modesto, também em vídeos, e sem apresentar nenhuma comprovação científica, afirmou que teria desenvolvido “uma fórmula” para tratar pacientes com o coronavírus”.

“Desenvolvi um tratamento para meus pacientes, uma forma rápida e simples de tratar o paciente com coronavírus. É uma fórmula rápida que vou explicar para vocês entenderem como será o tratamento. Aqui é um blister com 3 medicações: cloroquina, azitromicina e prednisolona. O paciente tomará diariamente as três medicações. Um fórmula simples. Quando o paciente tiver dificuldade de tomar, por conta de uma dor de estomago, de um processo de irritação na mucosa do estomago, eu pedi para acrescentar outras substâncias para proteger o estomago. Então, o paciente tomará azitromicina, cloroquina e vitamina C de um grama para dar uma aliviada”, divulgou o médico.

Ele chegou a convidar pacientes, com suspeita de Covid-19, para uma consulta gratuita.

“Se alguém quiser eu vou dar 10 consultas grátis agora, para as primeiras pessoas que chegarem aqui na clínica, comigo ai, viu, de preferência venham as pessoas gripadas, com suspeita de coronavírus pra mim, pra gente ver se resolve”, disse.

Jânio Modesto informou que o tratamento era realizado na sua clínica, dentro de um receituário de controle especial e deu um ultimato ao vírus que, na época, já havia matado mais de 16 mil pessoas no Brasil:  “E aí cabou-se coronavírus!

Infectado

Em junho de 2020 o Dr. Jânio foi diagnosticado com a covid-19 e ficou 15 dias internado na UTI de um hospital particular, em Petrolina, com complicações da infecção. Após receber alta da UTI, ele deveria permanecer internado até a cura completa, mas fugiu do hospital, sem autorização médica. Ele assinou um termo de “alta médica a pedido”, e foi para casa.

Em decisão publicada no dia 22 de maio de 2020, o Juiz de direito Frederico Ataíde Barbosa Damato, determinou diversas restrições ao médico petrolinense Jânio Modesto, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica. Ele foi acusado pelo Ministério Público de Pernambuco por infração de medida sanitária e charlatanismo em continuidade delitiva, após o mesmo oferecer cura e tratamento para a doença Covid-19, por meio de sua clínica médica e redes sociais, deixar uma unidade hospitalar, onde recebia tratamento para a doença, sem autorização médica, e descumprir o isolamento domiciliar.

Além do uso da tornozeleira eletrônica, o juiz também estabeleceu ao médico a proibição de frequentar as dependências comuns do condomínio em que reside; proibição de contato com outras pessoas sem o devido uso de equipamentos de proteção; e também a proibição do exercício da profissão de medicina, somente no tocante ao atendimento presencial de pacientes.

A decisão determinava ainda uma multa no valor fixo de  R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) por cada vez que o médico descumprisse a ordem judicial, no prazo estabelecido. O juiz, no entanto, negou o pedido de prisão domiciliar ao médico, feito pelo MPPE. “Não vejo pertinência na decretação da prisão domiciliar, já que a decretação de cautelares diversas, e mais brandas, possuem igual eficácia”, afirmou o juiz de direito Frederico Ataíde Barbosa Damato.

Negacionista

No início da pandemia, consultando as redes sociais do médico petrolinense, o PNB constatou que ele, entre mensagens religiosas e de otimismo, frequentemente fazia postagens contra o distanciamento social, pedindo a volta ao trabalho, ataques à esquerda, piadas relacionadas a pandemia, ironizava o uso de máscaras, e inclusive, disseminava fake news.

Fonte: Blog Preto no Branco

Nenhum comentário