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De olho em 2022, Bolsonaro aumenta em 26% idas ao Nordeste



 Em meio aos trâmites para as eleições de 2022, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem intensificado as viagens ao Nordeste. Do ano passado para cá, o chefe do Executivo nacional aumentou em 26,6% seus compromissos na região.

Levantamento feito pelo Metrópoles com base na agenda presidencial mostra que Bolsonaro esteve em todos os nove estados da região em 2021. No total, o mandatário do país participou de 19 eventos no Nordeste. Em 2020, de março — mês em que foi decretada a pandemia de coronavírus — a dezembro, foram 15 compromissos na região.

O estado mais visitado por Bolsonaro em 2021 foi a Bahia, com cinco eventos. Na sequência, aparecem Ceará, com três agendas, e Maranhão, Piauí e Rio Grande do Norte, com dois eventos em cada unidade federativa.

De março de 2020 a dezembro do mesmo ano, o estado do Ceará aparece como o mais prestigiado pelo presidente: foram quatro agendas. Veja a relação abaixo:


“Cabras da peste”

O Nordeste é a única região em que Bolsonaro foi derrotado por Fernando Haddad (PT) no segundo turno das eleições de 2018. Na ocasião, o militar conquistou 30% dos votos, enquanto o petista teve 69%. Em campanha pela reeleição, o titular do Planalto busca conseguir mais apoio na localidade, reduto eleitoral do ex-presidente Lula.

Nas viagens que faz ao Nordeste, o mandatário, para se defender de acusações de xenofobia, costuma lembrar que conta com alguns “cabras da peste” em seu governo. São eles: Fábio Faria (Comunicações) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), ambos do Rio Grande do Norte, Gilson Machado (Turismo), de Pernambuco, João Roma (Cidadania), da Bahia, e Marcelo Queiroga (Saúde), da Paraíba.

Recentemente, Bolsonaro convidou Ciro Nogueira (PP-PI) para a Casa Civil, pasta definida pelo próprio presidente como “a alma do governo”. O piauiense pretende disputar o governo do estado em 2022 e, caso o casamento do Centrão com Bolsonaro dê certo, quer garantir também o palanque estadual para o chefe do Executivo federal.

Marinho e Faria podem se candidatar ao governo potiguar, mas ambos também estariam interessados em uma vaga no Senado. Faria está licenciado de seu mandato na Câmara. Já Marinho foi deputado federal por três mandatos.

Ciente do imbróglio, Bolsonaro disse nesta semana que os dois ministros devem chegar “a um bom entendimento” até as eleições do próximo ano.

“São duas pessoas fantásticas que, com toda certeza, elevam o nome do nosso Rio Grande do Norte. Pode ter certeza de que esses dois aqui não vão ter problemas por ocasião de possíveis eleições futuras. Muito pelo contrário. Não é abrir mão de um deputado ou de um possível senador. Você não pode é abrir mão de dois ministros como eles são”, disse na última quarta-feira (4/8), em entrevista à Rádio 96 FM, de Natal.

Já na Bahia, o presidente pretende ter o palanque de João Roma, do Republicanos, que também está licenciado de seu mandato na Câmara e pode se lançar a governador. Gilson Machado, filiado ao PSC, pode sair candidato ao Senado, ao lado do paraibano Queiroga, que também pode disputar vaga na Câmara alta pela Paraíba.

Viagens na pandemia

Mesmo com a persistência da pandemia, Bolsonaro aumentou em 56,6% suas viagens pelo país. Neste ano, em apenas oito meses, o chefe do Executivo federal cumpriu 94 agendas pelo Brasil, ante 60 em todo o período pandêmico de 2020.

A região mais prestigiada pelo mandatário da República foi a Sudeste, que, até o momento, concentra 46,8% dos compromissos nacionais.

São Paulo foi o estado mais visitado, com 24 agendas. O estado do Rio de Janeiro, reduto eleitoral de Bolsonaro, soma 16 visitas presidenciais.

O Norte foi a única região que registrou queda entre 2020 e 2021. Neste ano, foram sete agendas, sendo cinco no Pará e duas no Amapá.

No ano passado, de março a dezembro, o mandatário cumpriu nove agendas na região, distribuídas em quatro estados: Pará (4), Acre (2), Amazonas (2) e Rondônia (1).

Tempo das agendas

De acordo com registros da agenda presidencial, Jair Bolsonaro passa mais horas dentro do avião do que em compromissos oficiais pelo país.

Em 2021, o titular do Planalto ficou 61 horas e 50 minutos em eventos pelo Brasil — o que equivale a 2,5 dias. Para chegar aos estados e retornar a Brasília, Bolsonaro passou 151 horas e 35 minutos dentro do avião presidencial — o equivalente a 6,2 dias.

Desde março a dezembro de 2020, Bolsonaro dedicou 85 horas e 40 minutos em eventos pelo país e pelo mundo, o equivalente a 3,5 dias. No mesmo período, o presidente ficou 189 horas e 24 minutos dentro de aviões, o que equivale a 7,8 dias.

O fechamento das fronteiras e as barreiras sanitárias impostas pelas autoridades mundiais obrigaram a interrupção de viagens, inclusive de chefes de Estado. No Brasil, mesmo negando a gravidade do novo coronavírus desde o início, Bolsonaro teve de reduzir o número de viagens nos primeiros meses da pandemia.

Somando todos os registros oficiais em que Bolsonaro ficou dentro de aviões desde março do ano passado, foram contabilizadas 340 horas e 59 minutos — 14,1 dias. Já o tempo gasto em eventos desde o início da pandemia foi de 147 horas e 30 minutos para pautas nacionais, o equivalente a 6,1 dias.

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